quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Dança em minha vida...



Festival da Academia Andanças de Taquara/RS/Anos 80

Comecei estudando Jazz na Academia Andanças de Taquara/RS com a Profa. Rita de Cássia Candemil aos 13 anos...






Mais tarde, começo a lecionar Dança em Academias da Região. 
Economizo para abrir uma Escola de Dança, no Município de Igrejinha a "De Rose Corpo e Dança". Voluntariado em Dança (Expressão Corporal e Cênica) nas Escolas Municipais: Solitária Alta/Igrejinha/RS, Saibreira/Igrejinha/RS.





Alunas da Escola De Rose Corpo e Dança
Apresentação Festival da Primavera I Mostra de Balé em Igrejinha-RS



Nesse período como não existia faculdade de dança no RGS e com pouca grana fazia aulas e cursos quando "pintasse" uma grana-extra...









A A verdade é que tenho o certificado assinado pela Profa.Vilma Vernon!!! 


Não gostei das suas aulas!!! Seu Jazz era "clássico-clássico", queria a explosão do Jazz da Prof. Roseli!!! 


Seu Jazz "Veloz"!!!


Pedi para fazer aula com ela!!! Mesmo estando matriculada com outra professora.  Não sei como, ela deixou...


Me achei nê!!! Rrsrsrssrsrsr


Aliás, olha eu aí (malha roxa) dançando com ela!!! 


Foi D+++++++!!!
Três anos depois...

Fechei a Escola para voltar aos estudos acadêmicos...


Mais uma vez grana... Não parei de Lecionar Dança  a onde tivesse um "pode sim" lá estava eu com uma cara de por favor!!! Quando conseguia um sim nossa... Muito bom...



Volto a morar com a família e trabalhar no comércio de minha cidade para pagar meus estudos ...
Lecionava dança nas horas vagas e trabalhava em uma loja como vendedora... 1995, 1996, 1997!!!

Voltei a estudar..


Sou chamada para assumir Docência em Escolas Municipais de Igrejinha/RS em 1998.



Lecionei por lá dois anos e nove meses as Disciplinas na área das Ciências Humanas e Artística nas Escolas Municipais de Igrejinha/RS Vila Nova e Osvaldo Cruz.


Por lá Continuo Lecionando Dança+Docência!!!





Depois de dois anos em Igrejinha...

Volto a Taquara/RS para lecionar em Escolas Estaduais com Docência em Ciências Humanas para Ensino Fund. e Médio na Escola Felipe Marx E Monteiro Lobato/Cimol.
Inicio oficinas em turnos inversos com alunos interessados na duas escolas.

Em 2002 finalmente consigo um espaço(Ex-Anexos construídos pelo Governo Brito, horríveis, diga-se de passagem, cheguei a lecionei Sociologia para uma turma do noturno nessas "salas" de aula "provisórias") para lecionar as oficinas de Artexpressão.

 Enfim, o prédio novo sai do papel e é construído e os anexos "sobraram". De depósito de classes, cadeiras, etc...etc.. duas salas divididas por uma parede viram depois de muito suor, uma única sala para Práticas Artísticas... 

... Lá pintávamos, líamos, contávamos histórias, organizávamos debates e apresentações de trabalhos realizados em sala de aula, elaborávamos gincanas, jogos "inteligentes" como xadrez, procurava sempre que possível relacionar com conteúdos teóricos. Esse era o maior objetivo das práticas é claro, mas nem sempre era possível,... 
Por exemplo com a última Copa do Mundo/disciplina de Geografia, que lecionava na época... 
Foi muito legal!!!
Trabalhei com duas turmas de 5a série e duas turmas de 6a série, para Ensino Fundamental...
E com cinco turmas para Ensino Médio/Sociologia.

 Foi ótimo, amávamos ir para a "Casa dos Artistas"...





Aqui a sala no inicio dos trabalhos já sem as classes e cadeiras

Alunos dispostos a trabalhar e produzir seus próprios desenhos, peças, coreografias, poesias, grafites pinturas... 

Quantos trabalhos e oficinas foram produzidas nesses três anos de Projeto...
Saudadesssssssssss...
Primeira turma de Dança Jazz para Iniciantes no Projeto "Casa dos Artistas".



Em  2003/01 defendi TCC com o seguinte Título: "Subjetividades dos Corpos-que-Dançam-se-Olham-se-Olham-e-Dançam".




Em 2002 o Grupo Artexpressão com alunas do Polivalente/Escola Estadual Felipe Marx é convidado para apresentar em um Festival da Academia Dance Jazz





Nos anos de 2001, 2002 e 2003 Lecionei Dança em Quatro Escolas Municipais de Taquara/RS Rosa Elsa Mertis, Theófilo Sauer, Alipinho e Alípio Sperb e Dirceu Martins atendendo os alunos registrados a seguir:

Infelizmente não tenho fotos das apresentações. 
Terei que voltar nas escolas e garimpar!!! Durante o ano/2004, em nossos encontros semanais, as oficinas eram Interdisciplinares!!!
 Procurava trabalhar pintura, canto, teatro, reciclagem, dança...
Tenho apenas as listas, algumas anotações e os folders dos eventos em que participamos...






















Em 2005 retorno com o Projeto Interdisciplinar na Escola felipe Marx e somos entrevistados!!!



Em 2007 Realizamos uma Apresentação/Espetáculo para Homenagear os 45 Anos do Cimol







Ensaio Geral/Tarde
Estréia no Ginásio da Escola/Noite
Dança/Teatro/Grafite/Música/Power-Point


Estréia da Banda que depois de se conhecerem no Projeto Artexpressão; irá se chamar Vetores!!!

Público lota ginásio da Escola Cimol de Taquara/RS



Após a estréia recebemos convite para apresentarmos o espetáculo no II Encontro dos Historiadores do Mundo Novo na Faccat.

Grafite Jadyr e Juninho


Teatro I


Dança Jazz Iniciante


Banda Vetores Formada nas oficinas do Artexpressão para o Espetáculo
A Banda Vetores atua no cenário até hoje...


Teatro II

( O Rádio e o Telefone que está no cenário e na mão da atriz/ Anos 60/Nascimento da Escola/Cedido pelo Museu do Cimol que tem como idealizadorMs. e Prof. Harold Bauer).

 O museu ainda está sendo organizado e já conta com um acervo significativo. Inclusive tem uma locomotiva... É sério... Estou lá desde minha adolescência, foi minha escola de segundo grau...
Mas como professora já estou há dez anos... Quero ver se consigo ajudar o professor a digitallizar esse acervo e fazer um blog. VOu ver com ele...
Irei pesquisar essa informação e em breve voltarei para atualizar.

Power-Point oficina ministrada pela colega e amiga Prof. Eli Rebechi, que fez a pesquisa no acervo da escola para selecionar material para o power-point que elaborou com seus alunos.
Valeuuuuuuuuuuuuuu!!!! Que parceria... Saudades...



Estudantes e professores de História da Faccat,  comunidade em geral prestigiam o espetáculo que conta a História dos 45 Anos do Cimol em forma de Espetáculo/Arteducação/Iniciação a Pesquisa Exploratória/Estudo de Caso e que teve duração de 45 min.

"História também se conta com Arte"
Comenta a Professora de História da Faccat, que aparece na foto abaixo, dançando e batendo na cadeira no ritmo de "Creedance" tocada pelos alunos do Cimol que participaram de mais esse trabalho...




Em 2008 apresentamos a Pesquisa no RAÍZES DE TAQUARA - XIX Encontro dos Municípios Originários de Santo Antônio da Patrulhas/ Este evento resultou na publicação de um livro onde o "Retrospectiva 45 Anos Cimol" foi editado no Vol. I/ Págs/751 a 759/Org. Paulo Gilberto Mossmann Sobrinho e Véra Lucia Maciel Barroso















Em 2010 fiz Especialização em Dança Circular na Feevale.
Video no Yotube fazendo aula com a Focalizadora Professora Miriam
Acessar Feevale Dança Circular... 
Sou a aluna de vestido verde e cabelo preso!!! 
Não vão rir... rsrsrrsrsrss...

É bárbaro as Danças Circulares...
Sem palavras, é preciso dançar para saber...
Mágica, solidária, harmoniosa, é vida!!!
Saudades querida Miriam!!! Obrigada pela sua sabedoria!!

Namastê!!!

Volto em breve...

Um forte Abraço!!!

Rose Bia Dias




























Aula de Jazz Intermediário com a Professora Roseli do Grupo Raça de SP X Festival de Dança de Joinville/92. 

segunda-feira, 22 de março de 2010

Flor Mensageira



Desentendimento nas aldeias. Nas ruas escuras, o sofrimento... Nas escolas o conhecimento... A comunicação entre as tribos chega de trêm, avião, jornal, revista, rádio, fax, carta, televisão e telefone via satélite aliado a rede mundial de computadores, a internet, a chamada sociedade informacional.


Do Brasil ao centro de Pequim... Ou seria Beijing? Sem céu nem pôr-de-sol. Calor infernal. Em meio às cinzas das cinzas. Do ninho do pássaro. Aplausos! Suspiros!! Gritos! Salvem isso, salvem aquilo! Ongs disso! O nosso site é esse, em mega-bytes. Internet. Blogs. Orkuts, Facebook, Baboo... Afinidades, racismo, sexo explícito. Mentiras sinceras. Brinquedo digital. Era informacional. Distrai. Isola? Aproxima? Atraí? Vício? Em massa. Tri massa! Massificação? Alienação? O que é que tem? O que é que há? É tecnologia, "viajar", "navegar"... Tribos Virtuais. Necessidades emocionais-políticas-econômicas-sociais? Paradoxais. Cibercultura. Descendentes... Terceira Onda. Aquecimento global. Fome em tantos lugares do mundo: Nepal, África, Timor Leste, Haiti, Brasil... Crianças, pobres e famintas do mundo levantai-vos contra essa sociedade dos poucos. O Planeta Terra é de todos os seres vivos, inclusive e principalmente as crianças pobres, famintas... Sabiam?
E comida indo fora, toneladas que caem a todo instante nos rios do mundo.  Peixes agonizando no Vale do Sinos. Salvemos nossas crianças e nossos rios!
Peixes e crianças agonizam a céu aberto. Sociedade da Banalização. Os sem-tetos, a geração dos sem-pão-feijão-leite-carne-legumes-verduras-água-frutas-escola-saúde-dignidade-paz. Os que comem se escondem e tem medo dos que não comem. Sem parentes, "indigentes", sem dentes.
Sociedade dos "singles".
           Por favor, alguma luz que ilumine o ninho, a Terra e o bicho homem. Essa luz que nos inspira promovendo à recriação animal, vegetal e cultural. Luz essa que vem da música, da chuva, da poesia, da arte, dos rituais de passagem, das culturas e  que aqui  se abraçam em essência humana nesse maravilhoso Planeta Terra!!! Em rede universal...

Autora: Rosângela Beatriz Pereira Dias

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Dança em debate










Educação, Liberdade, Movimento

Arteducação
Dançar



Em mais um desses debates calorosos sobre se há ou não liberdade e autonomia dos corpos-que-dançam em meio à subjetivamentes1 capítalísticas2, questionando para pesquisa sociológica do meu TCC, se o ato de dançar promoveria a singularização3 dos corpos-que-dançam me veio a inspiração para escrever esse ensaio sobre Educação Construtivista. Queríamos entender se o ato de dançar iria além do chamado "corpo-dócil" ou "disciplinado" ou "modelo" de Foucault 4!!
Nada como  a empiricidade em muitas observações de campo dos  "corpos-que-dançam" em oficinas voluntárias nas escolas em que lecionei por esses anos, para ter coragem de publicar.

Escrevo em folha de oficio o que Clifford Geertz me inspirou a relatar neste momento:

Parecendo uma atriz em sua estréia, aquele “frio na barriga” ou como aconteceu com os atores balineses relatados por Geertz : “ Os atores balineses que observo entram no que chamam de "Lek", explico: "Lek" foi traduzido de várias maneiras, na maioria das vezes incorretamente como “ vergonha", é uma das traduções mais conhecidas, mas seu significado mais aproximado é algo assim como o que chamamos de” nervosismo de ator “.

O nervosismo de ator, como sabemos, consiste no medo que os atores sentem da falta de técnica ou de autocontrole, ou talvez por um simples acidente não sejam capazes de manter a ilusão estética do personagem deixando assim que o ator apareça por trás do papel que desempenha.

Como pesquisadora me sinto assim em meio a esse mundo de contrastes onde ousamos romper com esse “medo” de atuar, esrever, pintar ou "desterritorializar"5 e continuarmos em nossas trajetórias profissionais, inspirada por muitos pensadores: “O ponto de partida para o educador será então o mistério infinitamente atraente e árduo" 

Assim entendemos que o objetivo geral da Educação em Artexpressão/Dança é encorajar o desenvolvimento daquilo que é "individual"7 em cada ser humano. Entendemos que é através do “movimento" da dança o ponto de partida para inventar novos conceitos em meio a esse processo sistêmico vigente. 
Pensamos em desenvolver através da dança a lógica inversa, ou seja, efetivar o agenciamento, a singularização através da afirmação de outras sensibilidades, outras percepções dos "corpos-que-dançam-se-olham-se-olham-e-dançam" para entender  se quando participam das oficinas deixam que seu "corpo-sensação"4 se expresse?

" (..) “Quanto mais conhecemos as coisas como necessárias tanto maior é a potência da alma para pensar. Quem tem um corpo apto para um grande número de coisas possui uma alma cuja maior parte é eterna, eternidade não sendo imortalidade além-túmulo, mas identidade entre ser, existir e agir em ato.”(Chauí em Espinosa, Ethica, v, prop.36)


Como nas populações estudadas por Geertz em Bali, que temem a estréia, nos sentimos em cada oficina desbravadores porque também sofremos deste mal...

Assim pensamos que nada sabemos e que a cada encontro entendemos que o fundamental é saber que para ser um professor de dança não basta saber apenas a técnica.

Nanni (p 10, 1995): “ Para o professor de Dança a compreensão e a importância do movimento humano significa ter em conta as estruturas envolvidas em cada questão, em seus vários aspectos da vida, ou seja, a cultural, a social, a biológica e a psicológica. Torna-se, portanto, imprescindível entender o movimento sob seu aspecto interno como matéria viva, processo de evolução genética, como funções vegetativas, o ser desloca-se pela necessidade de subsistência e como função da relação. Estabelecer essa relação é libertar-se no espaço para explorá-lo e apropriar-se de suas dimensões nas dimensões espaços-temporais e com estes fatores expressar-se e comunicar-se com outros seres e estabelecer relação com o ambiente.”

Sem o denso tecido social não há humanidade, pelo menos  não como a concebemos: " (...) não há necessidade alguma de separar o monarca da peble: toda autoridadde é igualmente má. Há três espécie de déspota. Há o que tiraniza o corpo. Há o que tiraniza a alma. Há o que tiraniza o corpo e a alma. O primeiro chama-se Príncipe. O segundo chama-se Papa. O terceiro chama-se Povo." Wilde, Oscar. A Alma do Homem Sob o Socialismo. (L & PM POCKET vOL. 312? JULHO DE 2009).

Assim nosso propósito, além de cartografar os movimentos dos "corpos-que-dançam" é possibilitar sua liberdade de expressão, liberdade das "amarras" da atual configuração sistêmica.

Sabemos que o ser humano é extremamente complexo e diversificado, ainda mais se tratando de questões em subjetividades capitalísticas. Wilde em seu ensaio " A alma do homem sob o socialismo" nos diz: "Socialismo, comunismo, ou  que nome lhe dê, ao transformar a propriedade privada em bem público, e ao substituir a competição pela cooperação, há de restituir à sociedade sua condição própria de organismo inteiramente sadio, e há de assegurar o bem-estar material de cada um de seus membros. Devolverá, de fato, à Vida, sua base e seu meio naturais."


Tem muitas maneiras de olhar, pensar o corpo. Pensar um corpo que vai além da estética, do conceito de beleza. Porque sabemos que todo corpo contém inúmeros outros corpos virtuais que o indivíduo pode “atualizar” por meio da manipulação de sua aparência: roupas, cosméticos, atividades físicas; sabemos que estes corpos formam uma constelação de produtos cobiçados para exibir, como se fossem um cartão de visitas de carne e osso.

Não é nesse corpo que estamos interessados...
Pensamos ser a dança um desses vetores emancipatórios  dos "corpos-que-dançam", que buscam novos devires, ou que pelo menos seja um exercício para aproximar a função de autonomia educacional; podendo estar nas relações do cotidiano, em seu bairro, na sua comunidade, na sua escola, no grupo que faz teatro ou dança, enfim em grandes movimentos sociais.

Sabemos que a principal característica da produção capitalística seria a de bloquear processos de singularização e instalar processos de individuação, homens reduzidos à condição de suporte de valor onde a culpabilidade é uma função da subjetividade capitalística. A ordem capitalística é então projetada na realidade do mundo e na realidade psíquica.
Está claro, a partir do pensamento de Guattari e Deleuze, que ela incide nos esquemas de conduta, de ação, de gestos, de pensamento, de sentido, de sentimento, de afeto, etc. Nas montagens da percepção, da memorização, chega e atinge as categorias do Ego, Superego, Ideal do Ego.
Então a subjetividade capitalística fabrica a relação do homem com o mundo e consigo mesmo. Esse é o "corpo-dócil" que falamos acima.

Sabemos também que o corpo é objeto antropológico e para muitos estudiosos, como Kaufmann (1998) que o observa muito bem : “Diante de uma sociedade complexa, a pesquisa tende a se especializar, criando por vezes algumas fronteiras inadequadas. A que separa o corpo da imagem, organizando-os em dois mundos de reflexão distinta, é especialmente prejudicial na medida em que não ajuda a compreender o lugar cada vez mais importante do olhar na reunificação do saber”.(Org. Miriam Goldenberg, 2002, p. 91)

 O estudante de dança como o ator de Bali "demora" para "perceber" e fazer essa análise sociológica, mas ele sente, vibra, declara: "... Minhas crises asmáticas passam quando estou dançando... Adoro vir para as oficinas, fico feliz e sou outra pessoa depois da dança..."  Observamos nesse depoimento que houve mudanças subjetivas (auto-estima), houve oscilação, elevou a potência para novas singularidade e porque não o agenciamento de um "outro" corpo, o "corpo-sensação".


Comunicar-se através da expressão corporal em suas emoções, sentimentos e o desejo-sensação de estar dançando, atuando... 

É por aí que “mergulhamos”... decifrando esses "códigos corporais" e assim apreender essa  “matéria-prima” na aquisição do conhecimento de si, do outro à totalidade das ações e porque não ir reconfigurando um novo “lócus” educacional ou simplesmente um  “pano de fundo” no cotidiano familiar, de trabalho, enfim em suas relações sociais.


Mas para que seja um “lócus” de conhecimento recíproco é preciso que essa escola aceite, rompa seus velhos conceitos e dogmas institucionais.

Sabemos que essa é uma “fórmula” é audaciosa.

Sabemos da importância de resgatar essa matéria-prima filosofal e primitiva, antropológicamente falando, que está ali, "parada" “esquecida”, “adormecida” em corpos-dóceis e capitalísticos.
Que essa educação-tradicional por vezes não-dialógica que insiste em formar cidadãos e profissionais apenas para o mercado de trabalho possa repensar seus conceitos, ideias e valores e ir a debate para proporcionar um espaço democrático e responsável.

Através desse processo social associativo e cooperativo buscamos constantemente recriar novas formas de socialização em meio a essa sociedade paradoxal.

Para que esse jovem e sua práxis através do ato de dançar provoque um pensar, sentir e agir em ato, formatando novos atores e atrizes sociais em singularidades práticas que vão desde as mais banais como colocar o lixo no lixo até as mais relevantes que é uma nova sociedade!

Queremos ir além do corpo como uma moeda erótica...
Queremos seres "diferentes" que aceitem as "diferenças"... Sem medo e nem culpa...

Buscamos possibilitar um despertar de novas singularidades, menos individualistas e consumista de si, pela “culpa”, pelo “medo”, pelo “vigiar e punir” de Foucault. 

Dizemos não à opressão dos poderosos capitalistas, gananciosos e ansiosos por mais poder-ter, muitas vezes sem saber-poder para então poder-ser.

Sabemos que existem milhares de “corpos-dóceis-trágicos-e-prisioneiros-sistêmico”. Eles estão nas academias, nas dietas, nos desfiles de moda, ...
Pensamos ser possível através da Arteducação-Dança desconstrui subjetividades “capitalísticas”.

Pensamos em indivíduos independentes e criativos que possam passar por nós e deixar o seu recado, que possamos compartilhar seus devires.
Liberdade aos "corpos-dóceis"... O Mito da Caverna de Platão!!!
Matrix, Neo, Morféu: "Só sei que nada sei..." (Sócrates) KKKKKK!!!!!!

Não somos demagogos e Marx nos ensina que antes do homem fazer poesias ele precisa encher a barriga! Sabemos que a arte é elitista e aprova apenas o que mais lhe convém... Os maiores gênios morreram pobres, doentes e infelizes!!! Por que será???
A prova é a chamada contra-cultura!!! Os poderosos aparecem nas colunas de jornais e por traz uma ONG, uma CUT etc e tal...

Entendemos pela empiricidade desses anos em sala de aula e fora dela, que isso não é problema, e que paradigmas estão aí para serem quebrados. De certa forma não classificamos e nem conseguimos nos definir... Somos como um mosaico em constante mutação, com infinitas possibilidades, contruindo e desconstruíndo novos labirintos de expressão viva que não para de crescer...
Precisamos de territorialidade caso contrário enlouqueceríamos...

Sabemos que devemos levar em consideração dois princípios básicos de desenvolvimento dos corpos: o principio da totalidade, quanto às expressões culturais e sociais e o principio da especificidade, quanto aos seus sentimentos e expressões criativas.

E nesses anos estudando, compartilhando e cartografando os " Corpos-que-dançam-cantam-pintam", enfim que se banham na Arteducação observamos mudanças comportamentais relevantes à expressão do ser humano em sua motricidade-subjetiva.
Esse “descobre” que a dança lhe habilita conhecer melhor a si, ao outro e sua sociedade, ajudando-lhe a desenvolver sua inteligência que vai do micro ao macro-social.

Portanto segundo esquema de Kalakian & Goldman, 1976, “todo movimento leva a experiências sensório-motora que leva a percepção que por sua vez leva a cognição, chegando novamente ao movimento e a inteligência motoral e psico-social”.

Pesquisas atuais na área da neurociência tem reconhecido a importância das atividades motoras e começam a fazer estudos a respeito.

Sabemos que a evolução dos comportamentos motores, desde os primórdios da existência do homem, começa com movimentos naturais, como andar, correr, saltar, levantar, até evoluir para movimentos complexos. Desde nossos antepassados, das pinturas rupestres aos desenhos, das gravuras às esculturas e pinturas, podemos observar práticas corporais em diferentes ciclos da existência do homem.

Portanto o homem primitivo na luta pela sobrevivência e para explicar suas catástrofes dançou em rituais para aplacar a "fúria dos deuses", no que Ramos chamou de “Danças Rituais”, 1979, p16:

...”As sociedades primitivas viviam aterrorizadas por tudo que as cercava, considerando a sua sobrevivência como fator dos deuses, dando à sua vida, por conseguinte, um sentido ritual, de várias formas, que empregando a dança, manifestava o seu misticismo. Desde os tempos mais remotos, os exercícios corporais rudimentarmente sistematizados constituíam aos respeitosos nas grandes festividades inclusive no culto dos mortos...”.

Portanto já que não podemos vencer os"deuses" da burocracia educacional continuamos dançando, chamando atenção com este trabalho: diretores, orientadores, e convidá-los a praticarem esse constante e ilimitado relativizar para que possamos permitir que essa tão aclamada prática pedagógica acontece em sua "práxis", suavizando o pesado fardo do cotidiano social de nossos jovens e crianças "excluídos" do atual sistema sócio-econômico.

Quando professores ousam "alçar voo", "costurando" teorias´`à práticas criativas, fugindo do senso comum, os resultados são fantásticos: seres críticos, criativos e preparados para a pluralidade cultural.

E é através do motor propulsor chamado dança que navegamos há mais de dezoito anos.

Este desafio continua a cada dia, a cada oficina, a cada espetáculo, buscando incansavelmente esse relativizar para que esse “jardim” saia da teoria acadêmica e passa a "germinar" novas flores em "singularidades" "não-capitalísticas”!







Abraços.

Rosângela Beatriz Pereira Dias





Glossário

1Guattari, 1996, p..25 prefere falar em subjetivação, em produção de subjetividade, do que ideologia, o sujeito não como algo do domínio de uma suposta natureza humana (filo), mas um sujeito (ele) de natureza industrial, maquínica, ou seja, essencialmente fabricada, a arte de ser sujeito como “cultura-alma”e não como “cultura-valor”, porque para autor tais mutações da subjetividade não funcionam apenas por ideologias, mas no próprio coração dos indivíduos.

3Para designar os processos disruptores no campo da produção do desejo: trata-se dos movimentos de protesto do inconsciente contra subjetividades capitalísticas Guattari, 1996, p.15),

Nota: "... A dança é uma forma fundamental da expressão humana que provavelmente evoluiu junto com a música como uma maneira de gerar ritmo.  Ela exige habilidades mentais especializadas. Em uma área do cérebro está uma representação da orientação do corpo, que ajuda a direcionar nossos movimentos pelo espaço; outra área funciona como um tipo de sincronizador, tornando possível combinar nossos movimentos ao ritmo da música.  A sincronização inconsciente – o processo que nos faz marcar o ritmo distraidamente com os pés – é o reflexo de nosso instinto para dançar. Isso ocorre quando certas regiões cerebrais subcorticais se comunicam, desviando-se de áreas auditivas superiores.A neurociência da dança. Estudos recentes com imageamento do cérebro revelam algumas coreografias neurais complexas por trás da habilidade de dançar..." Steven Brown e Lawrence M. Parsons.

4 (Aurélio,1993, p.500):Impressão causada num órgão receptor por um estímulo e que, por via aferente, é levada ao sistema nervoso central).

2(Em( Guattari, 1996, p.15), encontra-se a seguinte explicação para o termo capitalísticos: “Guattari acrescenta o sufixo “ístico”a “capitalista”(...) (para) designar não apenas as sociedades qualificadas como capitalistas, mas também setores do “TerceiroMundo”ou do capitalismo “periférico” (...) que vivem numa espécie de dependência e contradependência do capitalismo...” através da afirmação de outras sensibilidades, outra percepção etc.)


9 ( Guattari/Rolnik,  Cartografias do Desejo. (1996, p.17).

6 ( Nanni, p.9,  1995).


5 (Org. Miriam Goldenberg, 2002, p. 113)
7 ( Wilde, Oscar, A Alma do Homem sob o Socialismo. (p. 27 e 28)  (...) A propriedade privada esmagou o verdadeiro Individualismo e criou um Individualismo falso. Impediu que uma parcela da comunidade social se individualizasse, fazendo-a passar fome (p. 27), (...) É verdade que, nas condições atuais, uns poucos homens que dispunham de recursos próprios, como Byron, Shelley, Browning, Victor Hugo, Baudelaire e outros, conseguiram dar expressão à sua individualidade de forma mais ou menos completa. Nenhum desses homens trabalhou um só dia como assalariado. estavam livres da pobreza, e esta foi sua grande vantagem. A questão é saber se, no interesse do Individualismo, essa vantagem deva ser eliminada. Suponhamos que ela seja...; Não me refiro ao Individualismo elevado, concebido na imaginação desses poetas que mencionei, mas ao elevado e verdadeiro Individualismo, virtual e latente em toda a humanidade. A admissão da propriedade privada, de fato, prejudicou o Individualismo e o obscureceu ao confundir um homem com o que ele possui. Desvirtuou por inteiro o Individualismo. Fez do lucro, e não do aperfeiçoamento, o seu objetivo. De modo que o homem passou a achar que o importante era ter, e não viu que o importante era ser. A verdadeira perfeição do homem reside não no que o homem tem, mas no que o homem é . A propriedade privada esmagou o verdadeiro Individualismo e criou um Individualismo falso. Impediu que uma parcela da comunidade social se individualizasse, fazendo-a passar fome (...)".

5-(Rolnik, 1986, p. 59-60) (...) “territorializar significa se situar no plano da macropolítica, ou seja é a política do plano concluído, plano dos territórios: mapa, no mapa delineia-se um contorno dos territórios, que cobre o visível, em todo processo de produção de desejo só neste plano há visibilidade, é o único captável a olho nu. A segmentação operada por essa linha dura, sedentária, molar, consciente dos territórios; que vai recortando sujeitos, definindo posições tipo homem-mulher, velho-novo...É como uma arvore, seu traçado evolui segundo um plano de organização previsível e controlável, um programa: raiz, eixo central e fixo, em torno do eixo as partes que, por sua vez, tornam-se eixos secundários e assim sucessivamente formando o todo. Princípio da individuação. ( Rolnik, 1986, p. 60-61 ) (...) “desterritorializar significa se situar no plano da micropolitica, ou seja, é a política do plano gerado em uma linha móvel: é a cartografia, onde o princípio de individuação, neste caso é inteiramente outro, não há unidades. Há apenas intensidades, com sua longitude e sua latitude; lista de afetos não subjetivados, determinados pelos agenciamentos que o corpo faz, e, portanto, inseparáveis de suas relações com o mundo.













domingo, 15 de novembro de 2009

Sensações



Vibra o corpo..

Calafrios...
Com alma
Sem vento
Sem corpo
Com frio...
Na espinha...


Que movimenta
A brisa...


Esquenta
Sentimentos


São momentos...
Fracionados momentos.
Momentos que viram
Instantes...
Acontecimentos
Insignificantes...


Em muitos...
Instantes...


Bichos em caprichos...
Medos em punições...
Sentimentos...
Mutações...
Transformam
Anseios
Em diversões...
Prazeres...
Sem medo, sem culpa...
É biológico e não sociológico...
Peles arrepiadas...
Genética...
Gerações...


Paridas
Perdidas
Assustadas
Condenadas
A não sentir
Amor...
Prazer em afetar
Deixar afetar.Quentes...


Instantes...


Fervilham paixões!!!
Bocas sedentas...
Corpo-sensação...
Da alma-corpo!
Do corpo-alma!
Do calor que transpira...
Inspira...
Desejos...


Essencialmente humano.
Em mergulhar nas profundezas da alma.
Do corpo-que-dança com paixão!!!
Que o dançar mude o rumo....
Que a utopia engoliu...
Bailar no seu calor...
Franco amor...


Desejos...
De alma presa...
Do corpo solto...
Que em momentos...
Liberta minutos...
Frações de momentos.


De desejos adormecidos...



Loucos para serem desnudados...
Desarmados...
Desejos atormentados por sensações de pecado...
Pecado Capital...
Do capitalismo vil...
Do Alien senil...
Buscando em poços...
O podre dos homens!!
Ganância insaciável...
Cura incansável...
Por onde estará...


Esses momentos?
Momentos...
Humm!!!
Sentir?
Sentir!
Sentir!!?


Vibrando
Em mim
Em ti
Em nós,
Almas toscas
Infinitas e toscas...
Loucas por tocar...
Afetar e deixar ser afetado...
O toque
O sentir
O tocar
As almas
Ansiosas
Por gritos de paixão
Presa por essa ilusão
Dos Corpos-que-punem...


Corpos-escravos-do-alien-consumo-propriedade-privada
Não-individualizada
Sim-coletivizada...
Pelos poderosos da mais-valia,
Das armas-de-poder
Armas de fogo...
Corpos-estendidos...
Crianças-fuziladas...
Crianças-que-fuzilam...
Ocapital...
O não-social...
Homens-com-almas-socialistas-democrácitos
Poder-saber para poder-ter...




O prazer de estar vivendo
E não, o prazer de estar tendo...

A dor, o sofrimento...
Almas aprisionadas...
Catalogadas, consumizadas
Status-quo...
Por ter e não ser...


E porquê não???
Corpos-racionais-emotivacionais-coletivisadores-relativistas-quânticos?




Em singularizações
Altruístas...
Em alma-corpo-paixão...


Liberdade pra mim...
A ti alma

Pra ti
Da alma
Do corpo
Do corpo
Das almas
Em Corpos-individualizados-plurais...
Não estatais, privativacionais, ditatoriais...
E ficar...


Sentindo, tocando...
Almas-próprias...
E não criadas...
Alienadas em poder-ter...


Viver...
Montanhas...
Planeta...
Alimento necessãrio...
Fora indústriais maquínicos...
Fora desperdício...
Jogadas nos lixos
Por um pensamento-social-construtivo-de-poder-saber-para-ter
Calorias necessárias..
Por dia...
Viver o dia...
Média de vida...
70 anos...


Quantos anos você têm?
O que fez até aqui da tua vida???
Oque faz agora por você-planeta???
Usa o Planeta para viver ou para se aparecer???


Mídia, sucesso, ilusão, poder...
Isso é utopia...
Isso sim que é utopia...
Isso  sim que é ser louco...
Isso sim que é querer morrer..
Enxurradas, tsunamis...
Vulcões, terremotos, meteóros...
Formigas-homens brincando de casinha...
Com uma diferença, trabalham para um sem fim..


Propriedade privada...


Minorias
Em maiorias...
Maiorias sem o planeta
Minorias dominam o planeta...


Porque apoiamos isso?
Absurdo do ego-poder!!!


Ilusão...
Paradoxo invertido.
Túnel sem volta, em buracos-negros do Ideal de Ego...
Paixões-dos-corpos...
Que apenas dançam...
Não pensam...
Não sentem...
Não agem...


Um corpo além da moeda-erótica...


Em cadeias...
Infinito...
Pôr-do-sol...
Simplicidade
Gente
Gente minha...
Corpos estendidos
Sentidos
Sabidos
Esculpidos...Corpos com almas


Não precisa ser gêmeas!!!
Por vezes sombrias,
Frias, ditatoriais, demagogia
Poderosas por grana e fama...
Ideal de Ego...


Perdidas...
Loucas por cor, sabor, prazer...
Moreno, branco, marrom, preto, pardo, cinza e belo...
Beleza além do corpo
Beleza dos pássaros...
Os pardais, belos sabiás...
Coloridos ou não...
Olhos negros, amarelos, vermelhos, azuis, cinzas, verdes...


Parecem cor-de-rosa


São olhos coloridos...
São lilás...
São olhos com lágrimas...
Do sabiá que sabia assoviar e
Quem sabe queria apenas tocar
Alguém...
Olhares, sabores...
Cheiros...
Doces...
Amargos...
Salgados...
Azedos...
Coloridos e pretos...
Sem cor...
Sem sabor...
Sedentos de Amor...






Autora: Rosângela Beatriz Pereira Dias