quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Dança em debate










Educação, Liberdade, Movimento

Arteducação
Dançar



Em mais um desses debates calorosos sobre se há ou não liberdade e autonomia dos corpos-que-dançam em meio à subjetivamentes1 capítalísticas2, questionando para pesquisa sociológica do meu TCC, se o ato de dançar promoveria a singularização3 dos corpos-que-dançam me veio a inspiração para escrever esse ensaio sobre Educação Construtivista. Queríamos entender se o ato de dançar iria além do chamado "corpo-dócil" ou "disciplinado" ou "modelo" de Foucault 4!!
Nada como  a empiricidade em muitas observações de campo dos  "corpos-que-dançam" em oficinas voluntárias nas escolas em que lecionei por esses anos, para ter coragem de publicar.

Escrevo em folha de oficio o que Clifford Geertz me inspirou a relatar neste momento:

Parecendo uma atriz em sua estréia, aquele “frio na barriga” ou como aconteceu com os atores balineses relatados por Geertz : “ Os atores balineses que observo entram no que chamam de "Lek", explico: "Lek" foi traduzido de várias maneiras, na maioria das vezes incorretamente como “ vergonha", é uma das traduções mais conhecidas, mas seu significado mais aproximado é algo assim como o que chamamos de” nervosismo de ator “.

O nervosismo de ator, como sabemos, consiste no medo que os atores sentem da falta de técnica ou de autocontrole, ou talvez por um simples acidente não sejam capazes de manter a ilusão estética do personagem deixando assim que o ator apareça por trás do papel que desempenha.

Como pesquisadora me sinto assim em meio a esse mundo de contrastes onde ousamos romper com esse “medo” de atuar, esrever, pintar ou "desterritorializar"5 e continuarmos em nossas trajetórias profissionais, inspirada por muitos pensadores: “O ponto de partida para o educador será então o mistério infinitamente atraente e árduo" 

Assim entendemos que o objetivo geral da Educação em Artexpressão/Dança é encorajar o desenvolvimento daquilo que é "individual"7 em cada ser humano. Entendemos que é através do “movimento" da dança o ponto de partida para inventar novos conceitos em meio a esse processo sistêmico vigente. 
Pensamos em desenvolver através da dança a lógica inversa, ou seja, efetivar o agenciamento, a singularização através da afirmação de outras sensibilidades, outras percepções dos "corpos-que-dançam-se-olham-se-olham-e-dançam" para entender  se quando participam das oficinas deixam que seu "corpo-sensação"4 se expresse?

" (..) “Quanto mais conhecemos as coisas como necessárias tanto maior é a potência da alma para pensar. Quem tem um corpo apto para um grande número de coisas possui uma alma cuja maior parte é eterna, eternidade não sendo imortalidade além-túmulo, mas identidade entre ser, existir e agir em ato.”(Chauí em Espinosa, Ethica, v, prop.36)


Como nas populações estudadas por Geertz em Bali, que temem a estréia, nos sentimos em cada oficina desbravadores porque também sofremos deste mal...

Assim pensamos que nada sabemos e que a cada encontro entendemos que o fundamental é saber que para ser um professor de dança não basta saber apenas a técnica.

Nanni (p 10, 1995): “ Para o professor de Dança a compreensão e a importância do movimento humano significa ter em conta as estruturas envolvidas em cada questão, em seus vários aspectos da vida, ou seja, a cultural, a social, a biológica e a psicológica. Torna-se, portanto, imprescindível entender o movimento sob seu aspecto interno como matéria viva, processo de evolução genética, como funções vegetativas, o ser desloca-se pela necessidade de subsistência e como função da relação. Estabelecer essa relação é libertar-se no espaço para explorá-lo e apropriar-se de suas dimensões nas dimensões espaços-temporais e com estes fatores expressar-se e comunicar-se com outros seres e estabelecer relação com o ambiente.”

Sem o denso tecido social não há humanidade, pelo menos  não como a concebemos: " (...) não há necessidade alguma de separar o monarca da peble: toda autoridadde é igualmente má. Há três espécie de déspota. Há o que tiraniza o corpo. Há o que tiraniza a alma. Há o que tiraniza o corpo e a alma. O primeiro chama-se Príncipe. O segundo chama-se Papa. O terceiro chama-se Povo." Wilde, Oscar. A Alma do Homem Sob o Socialismo. (L & PM POCKET vOL. 312? JULHO DE 2009).

Assim nosso propósito, além de cartografar os movimentos dos "corpos-que-dançam" é possibilitar sua liberdade de expressão, liberdade das "amarras" da atual configuração sistêmica.

Sabemos que o ser humano é extremamente complexo e diversificado, ainda mais se tratando de questões em subjetividades capitalísticas. Wilde em seu ensaio " A alma do homem sob o socialismo" nos diz: "Socialismo, comunismo, ou  que nome lhe dê, ao transformar a propriedade privada em bem público, e ao substituir a competição pela cooperação, há de restituir à sociedade sua condição própria de organismo inteiramente sadio, e há de assegurar o bem-estar material de cada um de seus membros. Devolverá, de fato, à Vida, sua base e seu meio naturais."


Tem muitas maneiras de olhar, pensar o corpo. Pensar um corpo que vai além da estética, do conceito de beleza. Porque sabemos que todo corpo contém inúmeros outros corpos virtuais que o indivíduo pode “atualizar” por meio da manipulação de sua aparência: roupas, cosméticos, atividades físicas; sabemos que estes corpos formam uma constelação de produtos cobiçados para exibir, como se fossem um cartão de visitas de carne e osso.

Não é nesse corpo que estamos interessados...
Pensamos ser a dança um desses vetores emancipatórios  dos "corpos-que-dançam", que buscam novos devires, ou que pelo menos seja um exercício para aproximar a função de autonomia educacional; podendo estar nas relações do cotidiano, em seu bairro, na sua comunidade, na sua escola, no grupo que faz teatro ou dança, enfim em grandes movimentos sociais.

Sabemos que a principal característica da produção capitalística seria a de bloquear processos de singularização e instalar processos de individuação, homens reduzidos à condição de suporte de valor onde a culpabilidade é uma função da subjetividade capitalística. A ordem capitalística é então projetada na realidade do mundo e na realidade psíquica.
Está claro, a partir do pensamento de Guattari e Deleuze, que ela incide nos esquemas de conduta, de ação, de gestos, de pensamento, de sentido, de sentimento, de afeto, etc. Nas montagens da percepção, da memorização, chega e atinge as categorias do Ego, Superego, Ideal do Ego.
Então a subjetividade capitalística fabrica a relação do homem com o mundo e consigo mesmo. Esse é o "corpo-dócil" que falamos acima.

Sabemos também que o corpo é objeto antropológico e para muitos estudiosos, como Kaufmann (1998) que o observa muito bem : “Diante de uma sociedade complexa, a pesquisa tende a se especializar, criando por vezes algumas fronteiras inadequadas. A que separa o corpo da imagem, organizando-os em dois mundos de reflexão distinta, é especialmente prejudicial na medida em que não ajuda a compreender o lugar cada vez mais importante do olhar na reunificação do saber”.(Org. Miriam Goldenberg, 2002, p. 91)

 O estudante de dança como o ator de Bali "demora" para "perceber" e fazer essa análise sociológica, mas ele sente, vibra, declara: "... Minhas crises asmáticas passam quando estou dançando... Adoro vir para as oficinas, fico feliz e sou outra pessoa depois da dança..."  Observamos nesse depoimento que houve mudanças subjetivas (auto-estima), houve oscilação, elevou a potência para novas singularidade e porque não o agenciamento de um "outro" corpo, o "corpo-sensação".


Comunicar-se através da expressão corporal em suas emoções, sentimentos e o desejo-sensação de estar dançando, atuando... 

É por aí que “mergulhamos”... decifrando esses "códigos corporais" e assim apreender essa  “matéria-prima” na aquisição do conhecimento de si, do outro à totalidade das ações e porque não ir reconfigurando um novo “lócus” educacional ou simplesmente um  “pano de fundo” no cotidiano familiar, de trabalho, enfim em suas relações sociais.


Mas para que seja um “lócus” de conhecimento recíproco é preciso que essa escola aceite, rompa seus velhos conceitos e dogmas institucionais.

Sabemos que essa é uma “fórmula” é audaciosa.

Sabemos da importância de resgatar essa matéria-prima filosofal e primitiva, antropológicamente falando, que está ali, "parada" “esquecida”, “adormecida” em corpos-dóceis e capitalísticos.
Que essa educação-tradicional por vezes não-dialógica que insiste em formar cidadãos e profissionais apenas para o mercado de trabalho possa repensar seus conceitos, ideias e valores e ir a debate para proporcionar um espaço democrático e responsável.

Através desse processo social associativo e cooperativo buscamos constantemente recriar novas formas de socialização em meio a essa sociedade paradoxal.

Para que esse jovem e sua práxis através do ato de dançar provoque um pensar, sentir e agir em ato, formatando novos atores e atrizes sociais em singularidades práticas que vão desde as mais banais como colocar o lixo no lixo até as mais relevantes que é uma nova sociedade!

Queremos ir além do corpo como uma moeda erótica...
Queremos seres "diferentes" que aceitem as "diferenças"... Sem medo e nem culpa...

Buscamos possibilitar um despertar de novas singularidades, menos individualistas e consumista de si, pela “culpa”, pelo “medo”, pelo “vigiar e punir” de Foucault. 

Dizemos não à opressão dos poderosos capitalistas, gananciosos e ansiosos por mais poder-ter, muitas vezes sem saber-poder para então poder-ser.

Sabemos que existem milhares de “corpos-dóceis-trágicos-e-prisioneiros-sistêmico”. Eles estão nas academias, nas dietas, nos desfiles de moda, ...
Pensamos ser possível através da Arteducação-Dança desconstrui subjetividades “capitalísticas”.

Pensamos em indivíduos independentes e criativos que possam passar por nós e deixar o seu recado, que possamos compartilhar seus devires.
Liberdade aos "corpos-dóceis"... O Mito da Caverna de Platão!!!
Matrix, Neo, Morféu: "Só sei que nada sei..." (Sócrates) KKKKKK!!!!!!

Não somos demagogos e Marx nos ensina que antes do homem fazer poesias ele precisa encher a barriga! Sabemos que a arte é elitista e aprova apenas o que mais lhe convém... Os maiores gênios morreram pobres, doentes e infelizes!!! Por que será???
A prova é a chamada contra-cultura!!! Os poderosos aparecem nas colunas de jornais e por traz uma ONG, uma CUT etc e tal...

Entendemos pela empiricidade desses anos em sala de aula e fora dela, que isso não é problema, e que paradigmas estão aí para serem quebrados. De certa forma não classificamos e nem conseguimos nos definir... Somos como um mosaico em constante mutação, com infinitas possibilidades, contruindo e desconstruíndo novos labirintos de expressão viva que não para de crescer...
Precisamos de territorialidade caso contrário enlouqueceríamos...

Sabemos que devemos levar em consideração dois princípios básicos de desenvolvimento dos corpos: o principio da totalidade, quanto às expressões culturais e sociais e o principio da especificidade, quanto aos seus sentimentos e expressões criativas.

E nesses anos estudando, compartilhando e cartografando os " Corpos-que-dançam-cantam-pintam", enfim que se banham na Arteducação observamos mudanças comportamentais relevantes à expressão do ser humano em sua motricidade-subjetiva.
Esse “descobre” que a dança lhe habilita conhecer melhor a si, ao outro e sua sociedade, ajudando-lhe a desenvolver sua inteligência que vai do micro ao macro-social.

Portanto segundo esquema de Kalakian & Goldman, 1976, “todo movimento leva a experiências sensório-motora que leva a percepção que por sua vez leva a cognição, chegando novamente ao movimento e a inteligência motoral e psico-social”.

Pesquisas atuais na área da neurociência tem reconhecido a importância das atividades motoras e começam a fazer estudos a respeito.

Sabemos que a evolução dos comportamentos motores, desde os primórdios da existência do homem, começa com movimentos naturais, como andar, correr, saltar, levantar, até evoluir para movimentos complexos. Desde nossos antepassados, das pinturas rupestres aos desenhos, das gravuras às esculturas e pinturas, podemos observar práticas corporais em diferentes ciclos da existência do homem.

Portanto o homem primitivo na luta pela sobrevivência e para explicar suas catástrofes dançou em rituais para aplacar a "fúria dos deuses", no que Ramos chamou de “Danças Rituais”, 1979, p16:

...”As sociedades primitivas viviam aterrorizadas por tudo que as cercava, considerando a sua sobrevivência como fator dos deuses, dando à sua vida, por conseguinte, um sentido ritual, de várias formas, que empregando a dança, manifestava o seu misticismo. Desde os tempos mais remotos, os exercícios corporais rudimentarmente sistematizados constituíam aos respeitosos nas grandes festividades inclusive no culto dos mortos...”.

Portanto já que não podemos vencer os"deuses" da burocracia educacional continuamos dançando, chamando atenção com este trabalho: diretores, orientadores, e convidá-los a praticarem esse constante e ilimitado relativizar para que possamos permitir que essa tão aclamada prática pedagógica acontece em sua "práxis", suavizando o pesado fardo do cotidiano social de nossos jovens e crianças "excluídos" do atual sistema sócio-econômico.

Quando professores ousam "alçar voo", "costurando" teorias´`à práticas criativas, fugindo do senso comum, os resultados são fantásticos: seres críticos, criativos e preparados para a pluralidade cultural.

E é através do motor propulsor chamado dança que navegamos há mais de dezoito anos.

Este desafio continua a cada dia, a cada oficina, a cada espetáculo, buscando incansavelmente esse relativizar para que esse “jardim” saia da teoria acadêmica e passa a "germinar" novas flores em "singularidades" "não-capitalísticas”!







Abraços.

Rosângela Beatriz Pereira Dias





Glossário

1Guattari, 1996, p..25 prefere falar em subjetivação, em produção de subjetividade, do que ideologia, o sujeito não como algo do domínio de uma suposta natureza humana (filo), mas um sujeito (ele) de natureza industrial, maquínica, ou seja, essencialmente fabricada, a arte de ser sujeito como “cultura-alma”e não como “cultura-valor”, porque para autor tais mutações da subjetividade não funcionam apenas por ideologias, mas no próprio coração dos indivíduos.

3Para designar os processos disruptores no campo da produção do desejo: trata-se dos movimentos de protesto do inconsciente contra subjetividades capitalísticas Guattari, 1996, p.15),

Nota: "... A dança é uma forma fundamental da expressão humana que provavelmente evoluiu junto com a música como uma maneira de gerar ritmo.  Ela exige habilidades mentais especializadas. Em uma área do cérebro está uma representação da orientação do corpo, que ajuda a direcionar nossos movimentos pelo espaço; outra área funciona como um tipo de sincronizador, tornando possível combinar nossos movimentos ao ritmo da música.  A sincronização inconsciente – o processo que nos faz marcar o ritmo distraidamente com os pés – é o reflexo de nosso instinto para dançar. Isso ocorre quando certas regiões cerebrais subcorticais se comunicam, desviando-se de áreas auditivas superiores.A neurociência da dança. Estudos recentes com imageamento do cérebro revelam algumas coreografias neurais complexas por trás da habilidade de dançar..." Steven Brown e Lawrence M. Parsons.

4 (Aurélio,1993, p.500):Impressão causada num órgão receptor por um estímulo e que, por via aferente, é levada ao sistema nervoso central).

2(Em( Guattari, 1996, p.15), encontra-se a seguinte explicação para o termo capitalísticos: “Guattari acrescenta o sufixo “ístico”a “capitalista”(...) (para) designar não apenas as sociedades qualificadas como capitalistas, mas também setores do “TerceiroMundo”ou do capitalismo “periférico” (...) que vivem numa espécie de dependência e contradependência do capitalismo...” através da afirmação de outras sensibilidades, outra percepção etc.)


9 ( Guattari/Rolnik,  Cartografias do Desejo. (1996, p.17).

6 ( Nanni, p.9,  1995).


5 (Org. Miriam Goldenberg, 2002, p. 113)
7 ( Wilde, Oscar, A Alma do Homem sob o Socialismo. (p. 27 e 28)  (...) A propriedade privada esmagou o verdadeiro Individualismo e criou um Individualismo falso. Impediu que uma parcela da comunidade social se individualizasse, fazendo-a passar fome (p. 27), (...) É verdade que, nas condições atuais, uns poucos homens que dispunham de recursos próprios, como Byron, Shelley, Browning, Victor Hugo, Baudelaire e outros, conseguiram dar expressão à sua individualidade de forma mais ou menos completa. Nenhum desses homens trabalhou um só dia como assalariado. estavam livres da pobreza, e esta foi sua grande vantagem. A questão é saber se, no interesse do Individualismo, essa vantagem deva ser eliminada. Suponhamos que ela seja...; Não me refiro ao Individualismo elevado, concebido na imaginação desses poetas que mencionei, mas ao elevado e verdadeiro Individualismo, virtual e latente em toda a humanidade. A admissão da propriedade privada, de fato, prejudicou o Individualismo e o obscureceu ao confundir um homem com o que ele possui. Desvirtuou por inteiro o Individualismo. Fez do lucro, e não do aperfeiçoamento, o seu objetivo. De modo que o homem passou a achar que o importante era ter, e não viu que o importante era ser. A verdadeira perfeição do homem reside não no que o homem tem, mas no que o homem é . A propriedade privada esmagou o verdadeiro Individualismo e criou um Individualismo falso. Impediu que uma parcela da comunidade social se individualizasse, fazendo-a passar fome (...)".

5-(Rolnik, 1986, p. 59-60) (...) “territorializar significa se situar no plano da macropolítica, ou seja é a política do plano concluído, plano dos territórios: mapa, no mapa delineia-se um contorno dos territórios, que cobre o visível, em todo processo de produção de desejo só neste plano há visibilidade, é o único captável a olho nu. A segmentação operada por essa linha dura, sedentária, molar, consciente dos territórios; que vai recortando sujeitos, definindo posições tipo homem-mulher, velho-novo...É como uma arvore, seu traçado evolui segundo um plano de organização previsível e controlável, um programa: raiz, eixo central e fixo, em torno do eixo as partes que, por sua vez, tornam-se eixos secundários e assim sucessivamente formando o todo. Princípio da individuação. ( Rolnik, 1986, p. 60-61 ) (...) “desterritorializar significa se situar no plano da micropolitica, ou seja, é a política do plano gerado em uma linha móvel: é a cartografia, onde o princípio de individuação, neste caso é inteiramente outro, não há unidades. Há apenas intensidades, com sua longitude e sua latitude; lista de afetos não subjetivados, determinados pelos agenciamentos que o corpo faz, e, portanto, inseparáveis de suas relações com o mundo.